Gravações mostram por que a Justiça ordenou prisão de acusados de atos violentos em manifestações
Numa gravação telefônica feita com autorização da Justiça, Sininho conversa com o padrasto sobre o destino que deveria tomar. Ela temia ser enquadrada no crime de formação de quadrilha.
Gravações mostram por que a justiça ordenou a prisão de acusados de atos violentos em manifestações
O Jornal Nacional teve acesso a depoimentos de testemunhas e escutas telefônicas que levaram à decretação da prisão preventiva de 23 acusados de atos violentos em manifestações.
Os investigadores identificaram os vários grupos que dividiam as tarefas de fabricar, distribuir e atirar explosivos durante as manifestações.
Com base nas provas apresentadas no inquérito policial, 23 pessoas tiveram prisão preventiva decretada por associação criminosa. Cinco já estão na cadeia.
Onze pessoas que faziam parte dos grupos, mas discordaram dos métodos violentos, colaboraram como testemunhas nas investigações, que duraram sete meses.
Uma delas disse que Elisa de Quadros Sanzi, conhecida como “Sininho”, orientava os manifestantes nos protestos violentos e os incitava a quebrarem bens e arremessarem coquetéis molotov.
Durante a ocupação da Câmara Municipal do Rio, em agosto do ano passado, a testemunha disse que viu Elisa subindo a escada da Câmara com alguns manifestantes carregando os três galões, de aproximadamente, 10 litros de gasolina, cada.
Ainda segundo o, depoimento, com receio de serem presos outros manifestantes não permitiram que a gasolina fosse utilizada para incendiar o local.
Numa gravação telefônica feita com autorização da Justiça, Elisa Sanzi conversa com o padrasto sobre o destino que deveria tomar. Ela temia ser enquadrada no crime de formação de quadrilha.
Sininho: Eu não tenho outro lugar para ir. Eu não posso ir pra Minas Gerais, porque lá está pegando fogo. Ontem queimaram não sei quantos carros de polícia.
Padrasto: Aqui também, Porto Alegre também quebraram vitrine.
Sininho: Tá, pai, mas é completamente diferente. Minas Gerais que é o lugar onde eu tenho para ficar, que eu tenho amigos. A FiP aqui tem conexão lá. Eu não posso ficar em lugares que eles possam f... ainda mais com esse negócio de formação de quadrilha. E em Porto Alegre isso não existe. Não existe, não existe essa possibilidade.
Padrasto: Aqui também, Porto Alegre também quebraram vitrine.
Sininho: Tá, pai, mas é completamente diferente. Minas Gerais que é o lugar onde eu tenho para ficar, que eu tenho amigos. A FiP aqui tem conexão lá. Eu não posso ficar em lugares que eles possam f... ainda mais com esse negócio de formação de quadrilha. E em Porto Alegre isso não existe. Não existe, não existe essa possibilidade.
Em outra gravação telefônica, um casal de jovens conversa sobre o vídeo de um confronto com PMs. Segundo os investigadores, um deles jogou um coquetel molotov na polícia. Os nomes deles constam do processo, mas o Jornal Nacional os omite porque um deles é menor de idade.
Jovem 1: A imagem que mais está rolando é a do coquetel sendo jogado. Bateu no poste, bateu nos ‘polícia’ e eu, c...!! F...!!!
Jovem 2: Pode crer. Botamos o Choque para correr, minha linda.
Jovem 1: Estou sabendo.
Jovem 2: Pode crer. Botamos o Choque para correr, minha linda.
Jovem 1: Estou sabendo.
Os dois integrantes do movimento Black Bloc que participaram da conversa pediram asilo político nesta segunda-feira (21) ao consulado do Uruguai no Rio.
Com eles, estava a advogada Eloisa Samy, uma das dezoito pessoas procuradas pela polícia. Ela divulgou um vídeo na internet, negando as acusações.
Mas, em depoimentos incluídos no inquérito, a advogada Eloisa Samy Santiago era quem determinava aos integrantes dos Black Blocs o momento em que a confusão tinha que começar, dando a entender que era para começar o vandalismo.
Numa outra gravação, a indiciada Karlayne Pinheiro, conhecida como “Moa”, conversa com uma jovem, segundo investigadores, elas chamam gasolina de "líquido" e coquetel molotov de “drink”.
Jovem 3: A gente precisa de...
Jovem 4: Precisa de?
Jovem 3: De líquido. A gente vai ter que desenrolar aí com a galera, a gente fazer, ver como é que vai fazer. Já tem tudo. Já tem tudo para fazer. Só falta...
Jovem 4: Só falta... tá, a gente vai conseguindo aos pouquinhos, cada um pega um pouco, vai tentando pegar.
Jovem 3: Cara, acho que uns 4 litros, uns 5 litros dá de boa.
Jovem 4: Tranquilo, tranquilo.
Jovem 3: Aí a gente faz a oficina, a oficina de drinks
Jovem 4: Precisa de?
Jovem 3: De líquido. A gente vai ter que desenrolar aí com a galera, a gente fazer, ver como é que vai fazer. Já tem tudo. Já tem tudo para fazer. Só falta...
Jovem 4: Só falta... tá, a gente vai conseguindo aos pouquinhos, cada um pega um pouco, vai tentando pegar.
Jovem 3: Cara, acho que uns 4 litros, uns 5 litros dá de boa.
Jovem 4: Tranquilo, tranquilo.
Jovem 3: Aí a gente faz a oficina, a oficina de drinks
A embaixada do Uruguai, em Brasília, e o Consulado no Rio, ainda não se pronunciaram.
O Ministério Público não comentou o pedido de asilo.
O Ministério Público não comentou o pedido de asilo.
A advogada Fernanda Tortman, que defende Eloisa Samy, classificou o pedido de prisão como "inadequado e injustificável".
O advogado que representa Karlayne Pinheiro, informou que já entrou com pedido de habeas corpus e classificou a prisão preventiva como ilegal e desnecessária.
O advogado Wallace Paiva, que defende Fábio Raposo, também considerou a prisão ilegal.
O advogado Antônio Pedro Melquior, que representa Caio Silva, afirmou que não teve acesso às novas informações do inquérito - e preferiu não comentar o caso.
Nossa equipe não conseguiu contato com Marino Dicaraí, que defende Elisa Quadros, Camila Jordan, Igor Dicaraí. E outros seis denunciados.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/07/gravacoes-mostram-por-que-justica-ordenou-prisao-de-acusados-de-atos-violentos-em-manifestacoes.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário